27 de fev. de 2009

Último post



Pessoal,

esse é meu último post. Estou me afastando da Semma para cuidar da minha empresa por pelo menos dois anos e gostaria muito de agradecer a todos os leitores do blog e da coluna que me acompanharam ao longo desses quase três anos.

Obrigada também a equipe da Semma, especialmente aos amigos que estiveram ao meu lado e com quem tive o prazer de aprender e trocar experiências. Que sigam sempre o caminho do bem.

Quem quiser manter contato comigo pode fazê-lo pelo e-mail bio.mariana@yahoo.com.br

Um grande abraço a todos!

Mariana

20 de fev. de 2009

E-mail

Recebi esse e-mail e fiquei bem contente, gostaria de compartilhar com vocês:

Oi, Mariana, tudo bom?

Meu nome é Pamella e quero dizer que gosto muito de ler a coluna que você escreve no espaço 1/2 Ambiente no jornal Folha do Mate. Você escreve muito bem e fala sobre os assuntos de uma maneira delicada e gostosa. Gosto quando desmistifica os temores que temos, desde pequenos, em relação ao meio ambiente (como na última coluna "Podemos ensinar aos nossos filhos respeito e amor pela natureza").

Lembrei de quando meu irmão tinha uns 4 anos e levou para casa um sapo dentro de um copinho de plástico porque havia simpatizado com o bichinho. Minha mãe e minha tia se apavoraram e brigaram muito com ele, que chorou copiosamente por ter de se desfazer do amigo sem nem mesmo conseguir entender o porquê.

Obrigada por ajudar a comunidade com as coisas que você escreve e por nos esclarecer tantas dúvidas. O meio ambiente é realmente fantástico, é nosso amigo, não há porque temê-lo se fazemos parte dele, pois nascemos dele, não é mesmo?

Abraços e bom final de semana e feriadão de Carnaval.

Pamella.

16 de fev. de 2009

Podemos ensinar aos nossos filhos respeito e amor pela natureza


Maira admirando uma perereca


Maira cuidando de ovinhos de cobra

Sempre gostei de plantas e animais. Apesar de ter sido criada a minha vida inteira em apartamento, em uma cidade grande, lembro de ter tido bastante contato com plantas e animais desde que me entendo por gente. Claro que não estou falando de vacas e ovelhas, nem macacos e lontras. Convivi com animais mais modestos, aranhas, besouros, lesmas e plantas em vasos na sacada, amoreiras que davam, no máximo, dez amoras por ano e, por isso mesmo, eram muito aguardadas e apreciadas. Meus pais me ensinaram a valorizar e respeitar essas coisas. Cuidávamos de passarinhos machucados, borboletas feridas, salvávamos aranhas. Bicho era bicho, não tinha bicho mau, bicho bom... (fora as baratas, que ainda acho meio nojentas). Depois que eu cresci me tornei bióloga, casei com um biólogo e hoje temos uma filha de três anos totalmente adaptada ao nosso estilo de vida. Mas essa coluna não é pra contar a história da minha vida, é para refletir sobre como a criação dos filhos reflete diretamente na forma como eles passam a ver a vida logo a seguir. Desde que entrei na faculdade comecei a trabalhar com crianças pequenas com o projeto “Abra os olhos para o Mundo!”. A proposta desse trabalho era colocar as crianças em contato direto com elementos da natureza: pequenos animais, plantas, sementes. O que vimos é que algumas crianças de dois, três anos demonstravam ter muito medo de contato com os animais, mas não sabiam o porquê. Na medida em que viam seus coleguinhas tranquilos se relacionando com eles, permitiam-se participar da experiência e, em pouco tempo, não mais apresentavam qualquer receio em manipulá-los. Quando conversávamos com seus pais víamos logo que eles próprios tinham receio e desconhecimento sobre reais perigos de permitir esse contato e não só não permitiam como as assustavam nas vezes em que isso poderia acontecer. Essa atitude dos pais é bastante comum e presenciamos muitas vezes no nosso dia-a-dia. Mas, se pararmos para pensar, veremos que esse comportamento não só é pouco produtivo, pois perpetua um ciclo de medo e desconhecimento, como não permite que essas crianças tenham um contato mais íntimo com o ambiente que as cerca, tornando-o algo a se temer quando, na verdade, poderia ser um espaço para aprendizagem, admiração, vivência e contemplação. Certamente que não estou defendendo aqui largar nossas crianças no jardim. Toda experiência requer conhecimentos e cuidados e, certamente, supervisão. Assim, como ensinamos que as crianças não devem chegar perto do fogão, pois podem se queimar, ensinamos que aranhas podem ser perigosas e, na dúvida, não devemos tocá-las, mas, sim, podemos observá-las sem entrar em pânico ou sair esmagando-as com chinelos. Crianças que se relacionam positivamente com a natureza são crianças mais felizes e mais saudáveis e certamente crescerão respeitando a natureza de maneira genuína e não precisarão aprender isso forçadamente em aulinhas de educação ambiental.
Bióloga Mariana Faria-Corrêa

13 de fev. de 2009

Bebê beija-flor


Ninho improvisado


Alimentação

Estamos cuidando de um filhote de beija-flor. Ele ainda é bem pequeno e seu vôo frustrado fez com que caísse do ninho, exigindo cuidados até que possa se virar sozinho.

2 de fev. de 2009

Bugios e febre amarela - eles são as vítimas, não os vilões


Todos devem estar acompanhando as notícias sobre o aumento da incidência de casos de febre amarela no Estado do Rio Grande do Sul e a crescente ocorrência de morte de primatas, a maioria bugios, em alguns Municípios. Se fala em epizotia, ou seja, doença que afeta, ao mesmo tempo e no mesmo lugar, grande número de animais da mesma espécie, já que em vários casos diversos primatas morreram e houve a confirmação do arbovírus causador da febre amarela. As pessoas estão alarmadas, o que é natural, mas é preciso que se esclareçam alguns pontos muito importantes.
Essa semana participei de uma videoconferência realizada pelos técnicos da Secretaria de Saúde do Estado que estão trabalhando com essa questão e esclareceram para todas as regionais diversos pontos de grande importância.
Em primeiro lugar, no que diz respeito a Venâncio Aires não há, até o momento, com que se preocupar, já que o município não está na área de risco (região afetada), nem nas áreas adjacentes (região ampliada). Sendo assim, a menos que a pessoa vá viajar para as áreas afetadas e vá para áreas rurais dessas regiões precisa realmente imunizar-se. Caso essa situação se altere, boletins diários estão sendo divulgados e, certamente, a população será informada.
Como bióloga, outro ponto tem me causado bastante preocupação. Já se tem o registro de quase mil bugios mortos em todo Estado desde outubro de 2008. Nem todas as mortes foram confirmadas como sendo causadas por febre amarela, mas, de qualquer maneira, para uma espécie ameaçada de extinção, é, sem sombra de dúvida, um número significativo. Não bastasse isso, ainda temos visto uma má divulgação desse assunto colocando esses animais como culpados por essa situação. Deve ficar bem claro que os bugios são vítimas da febre amarela e que estão sendo dizimados. Perseguí-los, matá-los, capturá-los de nada adianta no combate a uma possível epidemia, visto que os vetores são, de fato, os mosquitos – no ciclo urbano os mesmos mosquitos transmissores da dengue. Enquanto houver focos de mosquito e condições ambientais favoráveis para sua proliferação, haverá a disseminação da doença. Os bugios estão morrendo, sem defesa. Suas populações estão ameaçadas e, sua morte, ainda tem servido para nos alertar para as zonas de maior risco para as populações humanas. Há quem os compare com sentinelas, é o que eles estão fazendo, mas não para o próprio bem. Sendo assim, é obrigação de todos zelar por esses animais que já sofrem com tantas outras ameaças como a destruição de seus habitats, a caça, a morte por eletrocussão, o ataque de cães, entre tantas outras.
Ainda que não haja evidência da existência de febre amarela no Município, é sempre bom lembrar que eventuais encontros com primatas mortos ou debilitados devem ser imediatamente comunicados à Secretaria de Meio Ambiente (3983-1034) ou Vigilância Sanitária (3983-1054) para providências e análises. Os animais nunca devem ser removidos e o manejo deve ser feito apenas por pessoas especializadas.

Bióloga Mariana Faria-Corrêa